Matéria de 6 de janeiro de 2012
Os romeiros chegam em ondas de fé, prontos para o calvário de 3 km de extensão e 500 metros de altitude. Alguns enfrentam as pedras com os pés descalços, para ampliar o sofrimento e agradecer os milagres e graças alcançadas.
A romaria iniciou-se em 1775 “Aqui não se chamará mais Serra do Piquaraçá”, e sim, Monte Santo, decretou, do alto da montanha, o frei capuchinho Apolônio de Todi, em 1775.
Vindo da missão de Maçaracá, na época uma aldeia indígena e hoje a cidade de Euclides da Cunha, Todi desejava ampliar seu trabalho missionário para as terras da fazenda Lagoa da Onça, mas o povo não compareceu para assistir à sua pregação: não havia água suficiente.
Foram então para a Serra do Piquaraçá, terra de aventureiros em busca do Eldorado e onde a água abundante garantiu a audiência. Impressionado com o aspecto da montanha e convencido de sua semelhança com o calvário de Jerusalém, Apolônio de Todi organizou uma procissão de penitência para levantar um cruzeiro no alto da montanha, no dia 1 de novembro de 1775.
No caminho, os fiéis foram açoitados por fortes ventos e plantaram 25 cruzes: a primeira para as almas, as sete seguintes para as dores de Nossa Senhora, e as 14 restantes, para a paixão de Cristo.
Segundo o relato da lenda de Apolônio, após a ameaça da ventania, uma nuvem luminosa surgiu no alto da montanha. Era o sinal: o frei ordenou a construção da capela, no alto, para Nossa Senhora das Dores. Ajudado pelos moradores dos povoados próximos, Apolônio erigiu a fabulosa via sacra na montanha sertaneja, obra posteriormente completada em 1791 e incrementada pelo trabalho fervoroso dos habitantes da cidade do Monte Santo, cada vez mais numerosos, em virtude das seguidas romarias da Semana Santa, pois o frei decretou que, “nos dias santos, venham visitar os santos lugares, pois vivem em grande desamparo das cousas espirituais.
Quando explodiu a guerra ao arraial de Canudos, Monte Santo serviu como base para as tropas republicanas que encerraram o sonho fanático dos seguidores do Conselheiro.
O grande sucesso de Monte Santo no cinema deve-se a Santa Cruz que proporciona um belo cenário para inspirar diretores como Glauber Rocha que gravou o Filme “Deus e o Diabo na Terra do Sol”, e também serviu de locação para a Mini-série da Rede Globo “O Pagador de Promessas”.
Atualmente, o santuário é Patrimônio Histórico-Artístico Nacional (IPHAN) e continua a ser lembrado todos anos por fiés e romeiros na semana santa, que vem garantir a tradição e pagar suas Promessas.
Monte Santo também inspirou o cantor e compositor Nininho Tomás, nascido no Povoado de Sitio do Tomás/Uauá, a compor a bela canção em homenagem à Monte Santo: “Saudade de Monte Santo”, que está há vários anos nas ondas da rádio Piquaraçá, que é conhecida como a “Globo do Sertão” pois transmite para mais de 300 municípios da região e tem como diretor-presidente, Dr. Ariston Correia Andrade, um grande apaixonado por Monte Santo e as coisas do sertão.
Nininho Tomás volta a Monte Santo em 2024
Saudade de Monte Santo (Nininho Tomás)